Valença do Piauí, 26 de dez, 2024

Ex-governador valenciano Lucidio Portela morre em Teresina

Lucidio Portela e a sua filha deputada federal Iracema Portela
Lucidio Portela e a sua filha deputada federal Iracema Portela

O ex-governador do Piauí, Lucídio Portella (93), morreu na tarde desta sexta-feira (30) na capital Teresina. Natural de Valença do Piauí ele morreu após sofrer uma parada cardíaca, após dar entrada em uma clinica que leva seu nome.

A noticia da morte do ex-governador foi anunciado por sua filha à deputada federal Iracema Portela nas redes sociais. “Cumpro aqui o doloroso dever de comunicar o falecimento do meu querido pai, ex-governador Lucídio Portella, no fim da tarde de hoje, aos 93 anos. Por toda a sua vida, meu pai foi exemplo de seriedade, dignidade e respeito, e até hoje, por onde ando, as pessoas falam dele com carinho, lembram do seu grande trabalho pelo Piauí. Mesmo sem conseguir falar muito agora, preciso dizer do meu orgulho por ser sua filha” lamentou.

O velório do ex-governador começa nesta sexta-feira na Assembléia Legislativa. O enterro acontece às 16h deste sábado no cemitério Jardim da Ressurreição.

Lucídio Portella nasceu em Valença do Piauí em 8 de abril de 1922. Era filho de Eustáquio Portela Nunes e Maria Ferreira de Deus. Ele era formado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e irmão mais velho do também ex-governador Petrônio Portella Nunes. Foi o último governador eleito pelo voto indireto em 1978. Ficou no cargo até 1983. Em 1991 foi eleito senador, encerrando o mandato em 1999.

Uma de suas frases mais comentadas pelos políticos locais atribuídas ao ex-governador estava a afirmação de que com a caneta de governador na mão ele iria embonecar a cidade que de fato recebeu muitas obras em sua gestão.

A morte do ex-governador foi lamentada pelo presidente da câmara municipal, vereador Getúlio Gomes amigo da deputada Iracema Portela. “Sua perda é irreparável e, para os amigos e família, a saudade será para sempre. Rogo a Deus que, neste momento de profunda tristeza e dor, ampare a família e amigos” disse. Até o fechamento dessa matéria a prefeitura de Valença não tinha se pronunciado sobre a morte do ex-governador se adotará alguma medida como é natural nesses casos.

 

Lucídio Portela

Lucídio Portela Nunes (Valença do Piauí, 8 de abril de 1922) foi um médico e político brasileiro, governador do estado do Piauí de 1979 a 1983. É o irmão mais velho do falecido Petrônio Portela Nunes, articulador da abertura política havida nos governos de Ernesto Geisel e João Figueiredo. Filho de Eustáquio Portela Nunes e Maria Ferreira de Deus. Formado em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro com especialização em tisiologia pelo Ministério da Saúde e pós-graduação em Radiologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Membro da Associação Piauiense de Medicina.

52c91dc4-810c-424e-b0e2-ace4de3e5ec1Durante pelo menos três décadas sua atividade política resumiu-se a acompanhar a carreira de seu irmão sempre recusando um papel mais ativo no cenário político estadual. Tal postura mudaria em 1978 quando foi referendado pela ARENA para o cargo de Governador do Piauí, indicação feita pelo presidente Ernesto Geisel e confirmada pelo Colégio Eleitoral estadual em 1º de setembro daquele ano, sendo o último governador eleito pelo voto indireto. Com a morte de seu irmão em 1980 assumiu o comando do PDS e presidiu as eleições gerais de 1982 nas quais seu partido conquistou uma ampla maioria.

Em 15 de novembro de 1982 o PDS elegeu o governador Hugo Napoleão, o vice-governador Bona Medeiros e o senador João Lobo. Além disso seus filiados conquistaram seis das nove vagas na Câmara dos Deputados e dezessete das vinte e sete cadeiras na Assembleia Legislativa, além de assegurar o controle de 102 das 113 prefeituras em disputa, número elevado para 104 por causa da nomeação de Freitas Neto para prefeito de Teresina por decisão de Hugo Napoleão e a manutenção de Júlio César como prefeito de Guadalupe.

Dos 971 vereadores eleitos 774 pertenciam ao partido governista. O PMDB apresentou a candidatura do senador Alberto Silva e elegeu três deputados federais, dez estaduais, onze prefeitos e 194 veradores. Já o PT elegeu três vereadores no município de Esperantina e teve José de Ribamar Santos como candidato a governador.

Lucídio Portela deixou o governo em 15 de março de 1983 mas conservou influência no meio político e se manteve afinado com o sucessor até que Hugo Napoleão e os membros da Frente Liberal no Piauí ignoraram a candidatura de Paulo Maluf à Presidência da República em favor do oposicionista Tancredo Neves.

O resultado foi a “implosão” do PDS e a criação do PFL, partido liderado por Hugo Napoleão e que contou com a adesão de quase a totalidade dos antigos pedessistas. Para se ter uma ideia do estrago feito nas hostes do PDS, dos dezessete deputados estaduais eleitos em 1982 apenas um ficou ao lado de Lucídio Portela, justamente seu sobrinho Marcelo Coelho.

Aturdido pelo golpe encorajou a candidatura de sua esposa Myriam Portela a prefeitura de Teresina em 1985 com o intuito de avaliar o quanto lhe restava de capital político. No ano seguinte avalizou a coligação de seu partido com o PMDB e foi eleito vice-governador do Piauí na chapa de Alberto Silva, até então o mais combatido inimigo político de sua família, em especial de seu irmão Petrônio Portela. Como resultado o PDS foi revigorado com a eleição de três deputados federais e seis deputados estaduais.

Após a necessária convivência política com Alberto Silva o PDS rompe com o governador que ajudara a eleger e firma uma aliança com o PFL visando as eleições de 1990 e em meio as negociações para a formalização da coligação “Frente de Recuperação do Piauí” Lucídio Portela faz valer seu cacife ao assegurar a vaga de vice-governador para o seu então genro Guilherme Melo[9] na chapa de Freitas Neto e apresenta-se como candidato a senador, união afinal vitoriosa ante o desgaste do bloco situacionista.

Extinto o PDS em 1993, Lucídio migrou para seus sucedâneos, ora o Partido Progressista Reformador (PPR), depois o Partido Progressista Brasileiro (PPB) e por fim o atual Partido Progressista. Apesar das mudanças a condução de seu grupo político sempre coube ao próprio Lucídio Portela.

Seu familiar mais conhecido é Petrônio Portela Nunes, político que ao longo de trinta anos foi guindado de deputado estadual a Ministro da Justiça com passagens pelo Governo do Piauí e ainda pelo Senado Federal onde ocupou funções de destaque. Seu sobrinho, Marcelo Coelho, foi eleito deputado estadual em 1982, 1986, 1998 e 2002 sempre pelo PDS e pelas legendas que o sucederam, sem mencionar que sua esposa Myriam Portela, foi candidata a prefeita de Teresina em 1985, eleita deputada federal em 1986 e novamente derrotada na eleição para a prefeitura da capital piauiense em 1988, isso quando filiada ao PDS.

A seguir seu então genro Guilherme Melo trocou o PMDB pelo PDS e foi eleito deputado estadual em 1986, vice-governador do Piauí em 1990 sendo efetivado em 1994 ante a renúncia de Freitas Neto. Entre abril de 1998 e janeiro de 1999 seu irmão Elói Portela Nunes exerceu o mandato de senador enquanto Freitas Neto foi Ministro Extraordinário das Reformas Institucionais ao final do primeiro governo Fernando Henrique Cardoso. Atualmente, seu genro Ciro Nogueira exerce seu primeiro mandato como senador, e sua filha, Iracema Portela, é deputada federal.

Colaboração: Meio Norte

1 Comentário

Aílton Carvalho

O Piauí perde um de seus políticos mais valorosos. O seu governo foi marcado pelo empreendedorismo e pela organização da finanças estaduais, sempre colocadas em primeiro plano. Em Valença, Lucídio honrou a terra onde nasceu, pois foi o governador que mais fez pela nossa cidade. Em seu governo foram construídas muitas obras, entre as quais podemos citar: prédios do EMATER, IAPEP, Parque de Exposições Agropecuárias, Casa de Apoio(onde hoje funciona o CEPAVA) e os Conjuntos Abdon Portela I e II(COHAB), entre outras. Foi o “homem da chibata”, referência feita à forma como provocava o ex-governador Alberto Silva, seu ferrenho inimigo político até meados da década de oitenta, onde por ironia dos destino se uniu ao próprio Alberto Silva em 1986, sendo o vice na chapa, aliança essa que foi apelidada de “a água e o azeite”, naquela que ainda hoje é considerada a mais acirrada disputa eleitoral para governador da história do Piauí, onde Alberto e Lucídio venceram Freitas Neto e Deoclécio Dantas por uma diferença de menos de 14.000 votos(1,9%). Lucídio, ao perceber o erro que tinha cometido quatro anos antes, volta para o seu antigo berço político e novamente se une a Hugo Napoleão e Freitas Neto em 1990, apoiando este último para governador, quando foi vitorioso derrotando o ex-prefeito de Teresina Wall Ferraz com mais de 100.000 votos de diferença e de quebra, Lucidão, como era conhecido, se elegeu Senador da República, derrotando o desembargador Paulo Freitas(PRN). Como Senador, mais uma vez Lucídio deu sua colaboração ao disponibilizar a emenda para a construção do Ginásio Poliesportivo que leva o seu nome no ano de 1992. Encerrou a sua carreira política em 31 de janeiro de 1999, quando findou o seu mandato no Senado Federal. Veio em Valença pela última vez em setembro de 2005 quando foi condecorado com a medalha do mérito Petrônio Portella. Vai-se o homem, mas fica o exemplo. Deus o abençoe na morada eterna.

31 out, 2015 Responder