Natural de Valença: Senado reverencia memória de Petrônio Portella
Um dos artífices da abertura democrática brasileira, político conciliador, sempre pronto ao diálogo e a enfrentar novas situações políticas. Assim os senadores lembraram Petrônio Portella, em sessão especial nesta segunda-feira (29). A homenagem, que lembrou os 30 anos da morte de Petrônio Portella, foi solicitada pelo senador João Vicente Claudino (PTB-PI).
À frente da sessão, o presidente do Senado, José Sarney, lembrou o papel de Petrônio Portella no processo de transição para democracia, nos anos que antecederam o fim do regime militar. Formaram a Mesa da homenagem, ao lado de Sarney, João Claudino e o deputado Mauro Benevides (PMDB-CE).
Presentes à sessão, a viúva de Petrônio Portella, Iracema Portella Nunes, seus filhos e netos e o ex-senador Elói Portella, irmão do político, foram homenageados pelos senadores.
Natural de Valença (PI), Petrônio Portella foi senador de 1967 a 1974 e de 1976 a 1980. Ocupou a presidência do Senado por duas vezes, sendo ainda presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Nomeado ministro da Justiça em 1979, no governo Figueiredo, Portella trabalhou pela restauração do pluripartidarismo e a decretação da Lei da Anistia. Formado em Direito, Portella também foi deputado estadual (1954-1958), prefeito de Teresina (1958-1962) e governador do Piauí (1962-1966).
O senador João Vicente Claudino (PTB-PI), autor do requerimento para a realização da homenagem à memória do senador Petrônio Portella nesta segunda-feira (29), afirmou que o homenageado foi o grande artífice da abertura democrática brasileira.
– Essa reflexão se impõe ao lembrarmos o trigésimo aniversário de morte de Petrônio, que tinha tudo para se tornar o primeiro presidente civil após o ciclo militar – disse João Claudino. Ele lembrou que o piauiense Petrônio participou de todas as iniciativas que conduziram à redemocratização do país.
Em seu pronunciamento, Claudino registrou que Petrônio iniciou sua carreira política ainda no movimento estudantil, quando estudava Direito. Formado, elegeu-se deputado estadual em 1954 pela União Democrática Nacional (UDN), partido que fazia oposição ao então governador Pedro de Freitas – de quem, mais tarde, tornou-se genro. A mulher de Petrônio Portella, Iracema, estava presente à homenagem com seus três filhos Patrícia, Sônia e Petrônio Filho e netos.
Em 1962, segundo lembrou Claudino, Petrônio se elegeu governador do Piauí e, em seguida, pela Arena, foi senador, chegando a presidir a Casa. Foi também prefeito da Teresina e ministro da Justiça no governo do presidente João Figueiredo. João Claudino assinalou que, naquela época, Petrônio era o favorito para ocupar o Palácio do Planalto ao final do mandato de Figueiredo, mas tinha saúde fraca desde os 32 anos, quando descobriu que sofria de câncer do pulmão.
– Curou-se do câncer, mas nunca teve saúde perfeita. Sofria de uma hérnia de hiato que o atormentava e de outros problemas menores – registrou Claudino, ao registrar a morte de Petrônio, no dia 6 de janeiro de 1980, com 55 anos.
– Nunca saberemos se Petrônio chegaria ou não a ser presidente da República. Mas sabemos que, se temos hoje uma democracia aberta, forte, representativa, legitimada, respeitada internacionalmente, isso se deve a um piauiense de gênio: Petrônio Portella Nunes – observou o senador.
Livro
Ao final do pronunciamento, João Claudino afirmou que Petrônio ainda não teve o reconhecimento a que faz jus, e anunciou que retomará uma iniciativa antiga de publicar um livro sobre Petrônio, com a ajuda do jornalista Zózimo Tavares.
No evento estavam, além da viúva, filhos e netos, o irmão de Petrônio e ex-senador Elói Portella. Estavam na mesa da solenidade o presidente do Senado, José Sarney, e o deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) e João Claudino.
Fonte: agência senado