SONIA MARIA DANTAS BONFIM QUEIROGA!
“CASA DA TIA DINA”
Nossos antepassados já diziam que para sermos completos era preciso escrever um livro, plantar uma árvore, ter um filho e construir uma casa. Foi começando dessa forma que Sonia Maria contou para celebrar os seus desejos infantis de “restaurar a casa da tia Dina”, remarcando nesta nova era uma vida na sua demonstração de vínculo com aquele imóvel, desde as palavras de sua avó Mundoca, até a apresentação final no seu texto, tudo construído através do tempo e exemplificando com o carinho que aquela casa tem perante a sua importância, alistando ao final, na sua ímpar valencianidade, a “nova casa” desta forma: “hoje se vejo meu projeto realizado agradeço diretamente ao Atêncio, meu marido, companheiro leal de muitos anos, que compartilhou comigo do mesmo sonho e não mediu para que tudo saísse conforme minha vontade”.
Durante mais de um século desde a sua construção feita em adobe e sem cimento, a casa de Manoel da Silva Nogueira (Capitão Pelado) e Dina Ferreira Dantas, permaneceu arraigada naquele lugar, um local de muita umidade, mas conservou-se esse tempo todo, sem sequer permitir que restaurações de ordem exterior pudessem ser feitas, pelo que sei. É evidente que a sabedoria do tempo lhe fez assim inabalável, certamente que como outras casas centenárias, ela estivesse esperando pela vontade da Sonia, “presente do seu emaranhado mundo de lembranças”, aguardando apenas que o momento lhe permitisse para não admitir que fizessem dela o que já fizeram com outras construções centenárias que por ali já caíram, ou foram derrubadas.
E a casa do Capitão Pelado permaneceu para que alguém fizesse dela não apenas uma aspiração de ordem pessoal e cultural, mas fosse o exemplo de 111 anos de história e de solidariedade que tanto representaram Manoel Nogueira e Dina Dantas. Que este seu gesto se transforme também no despertar do nosso desejo de preservar resgatando a nossa história. Que muitos ‘tios’ de outros tempos que como os seus já se foram, tenham neste seu exemplo o entusiasmo de olhar na preservação da cidade não apenas apreciando este aspecto histórico, mas, sobretudo, em outros que precisam também ser bem vistos. Compreender o desenvolvimento histórico sócio-cultural de uma sociedade é saber dar valor a sua gente. Parabéns a você, ao seu marido Atêncio que muito bem se envolveu, aos filhos Atêncio Filho, Donária e Dilana, ao Paulo Henrique, filhos que compreenderam o valor deste resgate.
Veja o que escreveu Sonia Maria sobre a “Casa da tia Dina”.
“CASA DA TIA DINA
Precisamos compreender que tudo que fica pronto na vida foi construída com base nos ideais de quem nos antecedeu e que a preservação acontece em memória de nossos antepassados.
Desde muito cedo a leitura na rotina de minha vida senda ela, talvez, a responsável direta por esse desejo de saber mais, de pesquisar, de resgatar e descobrir, que através dela no tempo e no espaço, conhecendo e unificando fronteiras. Além disso, gostava de ouvir de minha vão ‘Mundoca’ historias das fazendas, das senzalas, da família e fui crescendo com esse sentimento de nossos valores e raízes. A casa da Tia Dina sempre esteve presente em meu coração emaranhado mundo de lembranças que, eu de tanto ouvir, aprendi a respeitar, amar e fazê-las de tal modo como se tivesse vivido entre eles. Daí o meu propósito de restaurar a casa da tia Dina, essa casa construída em 1897 por seu marido capitão Manoel da Silva Nogueira(Capitão Pelado) para residência do casal. Quis com isso preservar a fachada do casarão para deixar bem claro como legado histórico não só para minha família, mas também como marco da antiga Valença. Aqui estão guardados 111 anos de historia, marca da solidariedade desse casal em amparar não só seus familiares, como todos aqueles que necessitassem.
Tia Dina e Tio Pelado não tiveram filhos e adotaram uma sobrinha ( Maria da Conceição de Carvalho Dantas) tia Conceição e esta a sua sobrinha, nossa prima Hercília, a quem agradeço pela maneira como nos facilitou a aquisição da casa. Quis também com esse gesto fazer justiça ao tio Pelado que muito colaborou e contribuiu para o engrandecimento desta cidade e mesmo assim foi esquecido, melhor dizendo, podado de entrar nos anais da historia de Valença.
Hoje se vejo realizado agradeço diretamente ao Atêncio, meu marido, companheiro leal de muitos anos, que compartilhou comigo do mesmo sonho e não mediu esforços para que tudo saísse conforme a minha vontade.
Não posso deixar de mencionar o apoio dos meus filhos e genros, principalmente do Paulo Henrique que arquitetou e restaurou o casarão de conformidade com sua época, acatando minha opinião.”
Obrigada
MANOEL DA SILVA NOGUEIRA – DINA FERREIRA DANTAS
MARIA DA CONCEIÇÃO DANTAS
HERCILIA DANTAS VELOSO MONTEIRO
SONIA MARIA DANTAS BOMFIM QUEIROGA
Valença do Piauí, 17/12/2008